Chocante como nos dias de hoje, com todos os acontecimentos que se passam, pai joga filha da janela, avô estupra neta e todos os outros casos que não existem palavras que consigam classificá-los,existem pessoas que ainda fingem que nada disso acontece, continua tudo normal, pelo fato até de aquilo estar longe, não foi do próprio lado.
Eu simplesmente quando estou jantando e passa o Jornal Nacional com cara de fim de mundo, eu perco a fome. Tudo ficou muito normal, as coisas não chocam mais muita gente como se tudo o que ocorre fizesse parte do cotidiano (faz,mas não era para fazer. Não era para ser aceito isso).
De que adianta prender criminosos por 17 anos e seus advogados conseguirem que fiquem no máximo 3 anos por vários motivos. Os advogados não estão errados, a lei que esta errada.
Liga-se a televisão e só passa o caso da pequena Isabella, a mídia só mostra isso. E alguns programas são tão sensacionalistas com esse tipo de matéria pois grande parte da população gosta de ver isso, da ibope. Lógico, tem que ser mostrado mas, não como esta sendo feito de forma que é uma novela e as pessoas acompanham diariamente notícias nem sempre originais. Fazem especulações, levam especialistas, criam hipóteses, tudo isso para que? Isso é trabalho da polícia, a polícia esta fazendo a parte dela. Mas, isso tudo da ibope a televisão, aos programas da manhã e da tarde. Depois de ler um texto de Jorge Amado (Folha da manhã) , que fiquei pensando sobre essa questão. De tudo hoje ser muito normal, de muita coisa ser aceita, tudo é aceito facil demais, a rigidez não está sendo usada em certos assuntos, a cada dia as coisas estão se superando.O texto;
Nem o Cravo, nem a Rosa
As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas?Como falar de gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?
Ja viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde?
Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto (...) Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como uma nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como estão encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.
(...)
Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor.
Sobre toda a beleza do mundo, sonre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontraras um cravo, uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade.